quinta-feira, 7 de junho de 2012

Entrevista inédita com o músico Julio Caldas


Em Núcleo de Notícias

No seu trajeto de divulgação do CD “Pitecantropus Erectus” em Conquista, o músico Julio Caldas cruzou com a nossa redação nesse final de semana e nos contou um pouco sobre o presente trabalho de carreira solo, a ligação com a banda conquistense “Café com Blues” e sua opinião sobre o atual cenário da música alternativa na Bahia. Confira o nosso bate-papo!
Nascido em Ipiaú e autodidata no violão desde os 11 anos, Julio Caldas é hoje um multi-instrumentista, dominando oito instrumentos bastante singulares. A exemplo disso, a guitarra baiana, cavaquinho, charango, baixo, dentre outros.  Já tocou ao lado de nomes como Jair Rodrigues, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Maria Bethânia. O seu mais recente Cd, “Pitecantropus Erectus”, é uma ebulição de ritmos, classificado como "música contemporânea progressiva” pelo músico, ou seja, uma mistura do rock com o jazz e a música clássica. Embora tenha iniciado sua carreira com o tio Luiz Caldas em 96, Julio traz uma roupagem completamente diferenciada do axé no seu trabalho, realizando experimentos sonoros e efeitos inovadores na música.

Núcleo de NotíciasVocê lançou seu disco recentemente em Salvador. Como foi a estréia e a aceitação do público?
Julio Caldas – Foi algo surreal. O teatro lotou, e foi tanta gente, que algumas pessoas voltaram para casa porque não conseguiram entrar, o público foi inacreditável. O lançamento foi maravilhoso e a aceitação muito boa, até mesmo por conta da maioria do público ser de amigos, um pessoal bem próximo... Foi uma noite bem bonita, com certeza um momento emocionante.

NN- Geralmente, quando um artista lança seu cd, ainda mais sendo de carreira solo, isso já remete à um longo percurso de trabalhos. Como você resume essa trajetória?
JC – Foi um caminho bem trabalhoso. O fato de conseguir poder estar lançando esse disco em que foi bem produzido e gravado, onde o produto final ficou bacana, é uma grande vitória.


NN O que motivou essa mescla de estilos e instrumentos, como o rock, viola caipira e música clássica, no disco? Houve alguma influência?
JC – Veio mesmo da coisa de tocar os instrumentos e ter a necessidade de usá-los. Sei tocar bandolim, tocar choro, viola caipira... Então, busquei uni-los numa única proposta, trazendo para dentro do estilo do disco que é meio pop, meio anos 70, meio rock, meio progressivo, meio brasileira. Influências são muitas: Beatles, Luiz Gonzaga, Led Zeppelin, Pink Floyd, Tom Jobim, Jacob do Bandolim, Valdir Azevedo, Zé Côco do Riachão, Mestre Ambrósio, Nação Zumbi, O Terço, Mutantes, A Casa das Máquinas...

NNQual o ponto forte do cd?
JC – O cd é muito diverso, até pelo fato de reunir composições desde quando comecei a compor. A força maior do disco está na questão dos arranjos mesmo, da instrumentação.

NNAté que ponto você absorveu a interferência do axé, e ao mesmo tempo rompeu por completo com esse modelo baiano de cantar e tocar?
JC – Olha, eu não tenho essa referência do axé nos meus trabalhos, literalmente não tenho. O que eu trago do axé, é de Luiz, sobretudo, devido a uma grande fase que passei com ele tocando. É apenas a influência da experiência de música que aprendi com ele, o estudo em si.

NNComo você lida com o fato de ser sobrinho, e muitas vezes as pessoas associarem seu nome com o de seu tio, Luiz Caldas? Isso incomoda?
JC – Incomoda. Eu lido da melhor forma possível, até mesmo para não acharem que existe algum tipo de ressentimento ou inimizade. Luiz é um dos tios que eu mais gosto, alguém muito querido e que sou muito ligado.

NNVocê já lançou o cd “Tipo Exportação” com o Café com Blues, banda de Conquista que também integra. A partir de quando vocês começaram a trabalhar juntos e como foi esse trabalho?
JC – Começamos a trabalhar juntos com o MP Blues. Na época, fizemos uma série de shows, mas depois a banda rompeu. Saimos e montamos o Café com Blues, buscando um disco que tivesse o conceito do blues da catingueira. Daí, o resto saiu com certa facilidade, as composições etc. Trabalhamos há uns cinco ou seis anos juntos, e isso foi muito positivo para mim porque me apresentou um novo ciclo de amizades aqui em Conquista. Muito bom cruzar o caminho com Diro, Thomáz, Luciano, Lucinho, e logo toda a galera da gente.

NNComo está o planejamento para este segundo semestre?
JC – Tenho duas viagens marcadas para a Europa. A primeira vai ser de 26 de julho a 26 de agosto, e a outra, de outubro a novembro, com um grupo de música folclórica. Na volta, lançarei o disco em Feira de Santana e em novembro pretendo fazer o lançamento aqui em Conquista. Daí, vou para São Paulo e Rio para continuar com a divulgação.

NNComo você enxerga o atual cenário da música alternativa na Bahia?
JC – Eu enxergo de uma forma bonita por conhecer muitos trabalhos bons, ao mesmo tempo em que existe a falta de incentivo. Encaro como um movimento underground que tem muito a mostrar e muita gente boa aí, mas precisa muito de apoio.

Para conhecer o trabalho de Julio Caldas, acesse:

Nenhum comentário:

Postar um comentário