Edição da Entrevista
de Coriolano Sales, ex-deputado federal do PMDB, realizada por Alberto Oliveira.
A CONQUISTA- Depois que você saiu
de Brasília, como se deu sua vida política depois dos processos?
Coriolano – Sai do PFL com o
propósito de ajuntar um grupo para disputar as eleições de vereador e de
prefeito, na eleição passada de 2008, aqui em Vitória da Conquista. Assim, estive
um tempo no PR e acabamos apoiando uma candidatura para prefeito do PDT,
juntamente com outros partidos, que foi o coronel Esmeraldino Correa. Fizemos
nesse grupo que ajuntamos, PMN e PR, mais o PCC, PTC, e outros partidos,
vereadores que foram eleitos: Luciano Gomes, Alexandre do PR e Arlindo Rebouças
pela legenda do PMN.
Depois me
retirei do PR e me filiei ao PMDB, onde me encontro. Há uma comissão provisória
que é liderada pelo professor Geraldo Botelho e que é composta por mim, pelo
ex-deputado Clóvis Flores, o suplente de vereador, Natan, e mais o ex-vereador
Carlos Gentil. Fui convidado para ser candidato a deputado federal, mas ainda
dependo de um entendimento maior com o partido sobre as candidaturas daqui da
cidade. Só posso ser candidato quando as bases de apoio para a minha
candidatura forem reconstituídas, porque quando eu estava nas hóstias do PFL,
perdi várias das posições que eu tinha aqui na região.
A CONQUISTA- Comenta-se na cidade
que o PSDB poderá lançar uma candidatura para deputado federal e deputado
estadual. O Sr. acha que pode haver uma candidatura, como nunca aconteceu, o
PMDB e o PSTU?
Coriolano – É, eu acredito até
que possa haver, nada impede, porque não existe um projeto de fidelidade
partidária tão explícito ainda no país. E isso pode ocorrer não apenas com o
PSDB, mas inclusive com outros partidos. O que talvez possa dificultar algo
assim sejam as candidaturas presidenciais, pois parecem não estar ainda muito
definitivas. Mas é certo que, no geral, as candidaturas regionais internas,
como o nosso caso, tendem a alimentar-se de certa reciprocidade quando são
lançadas entre as pessoas que disputam as eleições. Tradicionalmente tem sido
assim, não acredito que haja grandes modificações no momento. Agora, como isso vai
ser colocado, ainda não tenho uma visão muito clara de como isso poderá
acontecer.
A CONQUISTA- Ano passado houve
uma audiência na Câmara em que se reuniram a chamada “oposição”, inclusive com
sua presença e a do Geraldo Botelho. Pouco antes das eleições municipais,
quando ainda não estavam definidos os candidatos. Partindo de uma análise do
cenário político de Conquista, de que forma o Sr. avalia o esse quadro hoje,
tendo em vista o Partido dos Trabalhadores com uma certa hegemonia na cidade, e
certa desunião das oposições?
Coriolano – As reuniões eram para
examinar o quadro da oposição em Conquista, e buscar tirar uma candidatura de
prefeito, participei apenas de uma dessas reuniões. O meu nome estava lançado,
mas estava com dificuldades em receber alguns apoios, só recebi no final o
apoio mais importante, o do DEM. A união do grupo liderado pelo PR, DEM, com o
apoio do PMDB à minha candidatura, foi em função desse relatório, quando fui
convidado a entrar no partido (PMDB). Acabei não mobilizando previamente
recursos necessários para a campanha e como as promessas não se concretizaram,
não conseguimos a mobilização de recursos. E eu não poderia fazer uma campanha
tão “xoxa” como foi a de Esmeraldino e a de Herzem. Além disso, tive um
problema de saúde e então acabei abrindo mão para apoiar o candidato do PDT, Esmeraldino
Correa, que também foi apoiado pelo Herzem Gusmão. Depois, Herzem rompeu o
acordo e se lançou candidato quando percebeu a minha retirada, que favorecia a
candidatura dele, ele foi esperto. Nós tivemos duas candidaturas a prefeito,
quando na verdade deveria ser apenas uma, até porque a candidatura que se
ensaiava naquela época como candidato de união de todos os partidos era a de
Abel Rebouças, que não conseguiu reunir os partidos todos em torno nome dele.
Na verdade o que ocorreu com aquela tal união
das oposições foi uma falta de articulação precisa para que houvesse uma
candidatura única a prefeito. E por isso, a oposição saiu dividida e os seus
candidatos a prefeito, numa eleição que não era plebicitária, que não tinha
segundo turno, a oposição acabou se fragilizando e se fragmentando.
A CONQUISTA- Hoje em dia, como o
Sr. avalia a oposição em Conquista?
Coriolano – O problema da
oposição agora é... você não tem agora uma possibilidade de fazer uma análise
muito consistente. Os partidos vão querer um processo de afirmação partidária e
provavelmente nós teremos três, quatro ou cinco candidaturas a prefeitos para
2012. Os partidos estão começando a se preparar e trabalhar no sentido de que
haja certamente mais de três candidaturas a prefeitos. Naquilo que se relaciona
a eleição do estado da Bahia, de governador, Vitória da Conquista é o terceiro
colégio eleitoral do estado. Nessa condição, os candidatos a governador estarão
de olhos abertos para essa massa de colégio eleitoral que é nossa cidade, que
se insinua e se projeta na região sudoeste com certa influencia. Por isso, os
candidatos a governadores estarão bastante interessados no quadro local.
A CONQUISTA- Desde a década de
cinqüenta, Conquista sempre teve deputados federais. Como é que você vê hoje
Conquista sem uma representação lá na Câmara?
Coriolano – Eu acredito que essa
é uma questão circunstancial, houve a minha saída e não entrou ninguém com
força no meu lugar para se eleger a deputado federal no nosso bloco. Guilherme
saiu para se candidatar a prefeito, e a conseqüência foi que também o partido
dele ficou sem essa representação. Eu acredito que na próxima eleição essa
representação será recomposta. A região está muito minada por parlamentares de
fora, que se candidatam e vem colher o voto aqui na região, que acaba ficando
sem representação em função dessa fragmentação. Essa ocorrência deve acabar
sendo superada pelo processo eleitoral que se avizinha, porque certamente o PT
deve apoiar o seu candidato, que deve ser da cidade. E do lado de cá, acredito
que ou eu, ou outra pessoa acabe se lançando a uma candidatura a deputado federal.
E a depender dos entendimentos que sejam feitos, com as representações
partidárias do estado, é provável que se preencha uma outra vaga.
Uma coisa
verdadeira é que a política partidária de Vitória da Conquista se fragmentou
muito depois do processo de 88. Nós chegamos a ter quatro deputados estaduais e
hoje temos apenas um. Por aqui passam outras figuras que se candidatam e que levam
fatias gordurosas, sobretudo na última eleição. É provável que se recupere essa
representação na medida em que os partidos discutam melhor como essas
candidaturas poderão ser colocadas na próxima eleição.
A CONQUISTA- Você sairia em uma
chapa com Herzem Gusmão?
Coriolano – Olha, isso em termos
de partidos não há maiores problemas para fazer uma composição dessa natureza.
Agora, a composição não se faz unilateralmente, só se faz biliteralmente, no
conjunto de forças partidárias. Nós ainda não examinamos isso, é algo que pode
ser discutido. Mas pra isso, teria que se consultar os interesses das duas
partes e da representação partidária, dos dois partidos, PMDB e PSDB.
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