quinta-feira, 7 de junho de 2012

Entrevista com Coriolano Sales, ex-deputado federal do PMDB


Edição da Entrevista de Coriolano Sales, ex-deputado federal do PMDB, realizada por Alberto Oliveira.

A CONQUISTA- Depois que você saiu de Brasília, como se deu sua vida política depois dos processos?

Coriolano – Sai do PFL com o propósito de ajuntar um grupo para disputar as eleições de vereador e de prefeito, na eleição passada de 2008, aqui em Vitória da Conquista. Assim, estive um tempo no PR e acabamos apoiando uma candidatura para prefeito do PDT, juntamente com outros partidos, que foi o coronel Esmeraldino Correa. Fizemos nesse grupo que ajuntamos, PMN e PR, mais o PCC, PTC, e outros partidos, vereadores que foram eleitos: Luciano Gomes, Alexandre do PR e Arlindo Rebouças pela legenda do PMN.
Depois me retirei do PR e me filiei ao PMDB, onde me encontro. Há uma comissão provisória que é liderada pelo professor Geraldo Botelho e que é composta por mim, pelo ex-deputado Clóvis Flores, o suplente de vereador, Natan, e mais o ex-vereador Carlos Gentil. Fui convidado para ser candidato a deputado federal, mas ainda dependo de um entendimento maior com o partido sobre as candidaturas daqui da cidade. Só posso ser candidato quando as bases de apoio para a minha candidatura forem reconstituídas, porque quando eu estava nas hóstias do PFL, perdi várias das posições que eu tinha aqui na região.

A CONQUISTA- Comenta-se na cidade que o PSDB poderá lançar uma candidatura para deputado federal e deputado estadual. O Sr. acha que pode haver uma candidatura, como nunca aconteceu, o PMDB e o PSTU?

Coriolano – É, eu acredito até que possa haver, nada impede, porque não existe um projeto de fidelidade partidária tão explícito ainda no país. E isso pode ocorrer não apenas com o PSDB, mas inclusive com outros partidos. O que talvez possa dificultar algo assim sejam as candidaturas presidenciais, pois parecem não estar ainda muito definitivas. Mas é certo que, no geral, as candidaturas regionais internas, como o nosso caso, tendem a alimentar-se de certa reciprocidade quando são lançadas entre as pessoas que disputam as eleições. Tradicionalmente tem sido assim, não acredito que haja grandes modificações no momento. Agora, como isso vai ser colocado, ainda não tenho uma visão muito clara de como isso poderá acontecer.

A CONQUISTA- Ano passado houve uma audiência na Câmara em que se reuniram a chamada “oposição”, inclusive com sua presença e a do Geraldo Botelho. Pouco antes das eleições municipais, quando ainda não estavam definidos os candidatos. Partindo de uma análise do cenário político de Conquista, de que forma o Sr. avalia o esse quadro hoje, tendo em vista o Partido dos Trabalhadores com uma certa hegemonia na cidade, e certa desunião das oposições?

Coriolano – As reuniões eram para examinar o quadro da oposição em Conquista, e buscar tirar uma candidatura de prefeito, participei apenas de uma dessas reuniões. O meu nome estava lançado, mas estava com dificuldades em receber alguns apoios, só recebi no final o apoio mais importante, o do DEM. A união do grupo liderado pelo PR, DEM, com o apoio do PMDB à minha candidatura, foi em função desse relatório, quando fui convidado a entrar no partido (PMDB). Acabei não mobilizando previamente recursos necessários para a campanha e como as promessas não se concretizaram, não conseguimos a mobilização de recursos. E eu não poderia fazer uma campanha tão “xoxa” como foi a de Esmeraldino e a de Herzem. Além disso, tive um problema de saúde e então acabei abrindo mão para apoiar o candidato do PDT, Esmeraldino Correa, que também foi apoiado pelo Herzem Gusmão. Depois, Herzem rompeu o acordo e se lançou candidato quando percebeu a minha retirada, que favorecia a candidatura dele, ele foi esperto. Nós tivemos duas candidaturas a prefeito, quando na verdade deveria ser apenas uma, até porque a candidatura que se ensaiava naquela época como candidato de união de todos os partidos era a de Abel Rebouças, que não conseguiu reunir os partidos todos em torno nome dele.
 Na verdade o que ocorreu com aquela tal união das oposições foi uma falta de articulação precisa para que houvesse uma candidatura única a prefeito. E por isso, a oposição saiu dividida e os seus candidatos a prefeito, numa eleição que não era plebicitária, que não tinha segundo turno, a oposição acabou se fragilizando e se fragmentando.

A CONQUISTA- Hoje em dia, como o Sr. avalia a oposição em Conquista?

Coriolano – O problema da oposição agora é... você não tem agora uma possibilidade de fazer uma análise muito consistente. Os partidos vão querer um processo de afirmação partidária e provavelmente nós teremos três, quatro ou cinco candidaturas a prefeitos para 2012. Os partidos estão começando a se preparar e trabalhar no sentido de que haja certamente mais de três candidaturas a prefeitos. Naquilo que se relaciona a eleição do estado da Bahia, de governador, Vitória da Conquista é o terceiro colégio eleitoral do estado. Nessa condição, os candidatos a governador estarão de olhos abertos para essa massa de colégio eleitoral que é nossa cidade, que se insinua e se projeta na região sudoeste com certa influencia. Por isso, os candidatos a governadores estarão bastante interessados no quadro local.

A CONQUISTA- Desde a década de cinqüenta, Conquista sempre teve deputados federais. Como é que você vê hoje Conquista sem uma representação lá na Câmara?

Coriolano – Eu acredito que essa é uma questão circunstancial, houve a minha saída e não entrou ninguém com força no meu lugar para se eleger a deputado federal no nosso bloco. Guilherme saiu para se candidatar a prefeito, e a conseqüência foi que também o partido dele ficou sem essa representação. Eu acredito que na próxima eleição essa representação será recomposta. A região está muito minada por parlamentares de fora, que se candidatam e vem colher o voto aqui na região, que acaba ficando sem representação em função dessa fragmentação. Essa ocorrência deve acabar sendo superada pelo processo eleitoral que se avizinha, porque certamente o PT deve apoiar o seu candidato, que deve ser da cidade. E do lado de cá, acredito que ou eu, ou outra pessoa acabe se lançando a uma candidatura a deputado federal. E a depender dos entendimentos que sejam feitos, com as representações partidárias do estado, é provável que se preencha uma outra vaga.
Uma coisa verdadeira é que a política partidária de Vitória da Conquista se fragmentou muito depois do processo de 88. Nós chegamos a ter quatro deputados estaduais e hoje temos apenas um. Por aqui passam outras figuras que se candidatam e que levam fatias gordurosas, sobretudo na última eleição. É provável que se recupere essa representação na medida em que os partidos discutam melhor como essas candidaturas poderão ser colocadas na próxima eleição.

A CONQUISTA- Você sairia em uma chapa com Herzem Gusmão?

Coriolano – Olha, isso em termos de partidos não há maiores problemas para fazer uma composição dessa natureza. Agora, a composição não se faz unilateralmente, só se faz biliteralmente, no conjunto de forças partidárias. Nós ainda não examinamos isso, é algo que pode ser discutido. Mas pra isso, teria que se consultar os interesses das duas partes e da representação partidária, dos dois partidos, PMDB e PSDB.

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