"Revestimos toda a sociedade com a ação firme da PF no combate aos graves crimes federais", Eduardo Assis.
Há sete anos como delegado da Polícia Federal, Eduardo Adolfo do Carmo Assis, um dos dois delegados a cargo da recente delegacia de Vitória da Conquista - inaugurada em março desse ano -, revelou em entrevista, informações importantes sobre crimes incidentes na região.Com 14 servidores, a base da
Polícia Federal de Conquista pode ter um aumento no seu efetivo. Por atender a
91 municípios de um pólo da região sudoeste, que corresponde à uma população de
2,1 milhões de pessoas, num território maior que Portugal, correspondendo a 105
mil quilômetros quadrados, a base terá seu efetivo ampliado. Além de destacar o
papel da PF, o delegado Eduardo Assis, cedeu informações sobre crimes
envolvendo corrupção, desvio de verbas públicas, tráfico de drogas, contrabando
na pirataria, lavagens de dinheiro e sonegação fiscal.
Nascido em Francisco Sá , cidade
situada ao norte de Minas Gerais, Assis formou-se em direito pela Universidade
Federal do Estado e trabalhou por três anos como advogado e procurador
municipal, em Belo Horizonte.
Por breve temporada, atuou em Brasília como Assessor de
desembargador federal, quando em 2002 foi nomeado delegado da Polícia Federal,
depois de aprovação em concurso público. Iniciou-se em São José do Rio Preto,
São Paulo, e depois atuou em Ilhéus por mais três anos. Hoje, encontra-se na
delegacia de Conquista, onde recebeu a redação do A CONQUISTA com
exclusividade.
A CONQUISTA – Qual o
posicionamento da PF em relação à continuidade do comércio pirata nas ruas, depois
da operação “Corsário”, executada recentemente na Feira do Paraguai?
Eduardo Assis – A PF não tem a
atribuição direta de investigar e reprimir o crime de violação dos direitos
autorais, que é o crime da pirataria. Atuamos recentemente na Feira do Paraguai,
com Cd’s e DVD’s piratas, porque havia suspeita de contrabando das mídias,
utilizadas para falsificação. Os chefes da PM e da Civil, em reunião, se
comprometeram em atuar nas respectivas áreas, com atribuição de combate à esse
crime. Nossa atuação também não vai parar, vamos continuar verificando se
existe contrabando. Caso contrário, a questão será tratada pelas polícias civil
e militar.
Nessa operação “Corsário”, o
total da apreensão foi de 113 mil mídias piratas. É como se um a cada três
cidadãos pudesse ir à Feira do Paraguai e comprar um filme pirata. A Justiça
Federal decretou cinco prisões preventivas em razão da continuidade de prática
delitiva. Se estiverem presentes indícios de que as mídias são contrabandeadas,
vamos realizar uma outra operação em qualquer lugar onde esteja havendo uma
produção e a comercialização dessas mídias. Desconfio que dessa vez a justiça
vai decretar dez prisões preventivas. Se cinco não resolveram, vamos pedir dez
da próxima vez. E assim por diante, até parar.
A CONQUISTA – Quais as
atribuições que a Polícia Federal cumpre na cidade, em que consistem essa
ações, e o que a comunidade conquistense ganha com isso?
Eduardo Assis – A PF tem uma
série de atribuições que são tanto policiais, como administrativas. A delegacia
daqui é uma unidade preparada para desempenhar todas as atribuições. Começando
pela parte policial, a principal função é desempenhar com exclusividade a
condição de polícia “multiserv” da União, ou seja, investigar, reprimir e
comprovar com o encaminhamento da Justiça a prática dos crimes federais. Estes
que atentam contra o interesse da União Federal: todos os seus órgãos,
ministérios, suas autonomias, empresas públicas, autonomias do Banco Central,
INSS (parte previdenciária), e empresas públicas, como a Caixa Econômica
Federal. Com relação à parte administrativa, as principais missões são o
controle e a fiscalização da segurança privada - temos um órgão preparado para
comissão e vistoria -, a fiscalização e manutenção de todo o sistema nacional
de registro de armas de fogo (compra, porte, venda, transferência). Além disso,
a expedição de passaportes – com o controle de entrada e saída internacionais
no território pátrio para fora – também é mantida pela PF. O beneficio, que não
dá para medir concretamente, é revestir toda a sociedade com a ação firme da PF
no combate aos crimes federais, que são muito graves.
A CONQUISTA – Sobre a estrutura
da delegacia, qual a equipe de vocês e quais as áreas de atuação?
Eduardo Assis – Nosso efetivo
hoje é de quatorze servidores - treze policiais e uma servidora administrativa,
incluindo os dois delegados que temos. Mas sempre que há necessidade de
trabalhos maiores, mais densos, envolvendo mais de um município, nós recebemos
o reforço das unidades mais próximas. Se for necessário um trabalho maior
ainda, a gente recebe um contingente especial com formação de tática, que a PF
dispõe para atuar no país inteiro, para qualquer eventualidade que a gente
venha a precisar. Temos a expectativa de que o efetivo aumente. Existe o órgão,
um departamento que tem conhecimento da necessidade do aumento de efetivo, que
já está tomando as providências para ser ampliado.
A CONQUISTA – Quais são os crimes
que acontecem na cidade e região com mais incidência, já que se vê a pirataria
e o tráfico de drogas sendo mostrados na mídia local?
Eduardo Assis – Além desses
crimes já mencionados, a gente também destaca o desvio de verbas públicas, que
está realmente preocupando. Recentemente foi feita uma grande operação, a
“Vassoura de Bruxa”, que abrangeu 30 municípios da região, coordenada em
Ilhéus, mas que agora a delegacia de Conquista é que está a cargo dessa
investigação. Os desdobramentos do caso continuam, e porque preocupa? São
verbas públicas federais, da União, de vários ministérios, dos municípios mais
carentes da região. Então, quando o prefeito ou o secretário desvia essas
verbas, frauda uma licitação e apresenta uma nota fria para se apropriar dessas
verbas, está cometendo um crime gravíssimo contra toda uma sociedade.
Também destaco a lavagem de
dinheiro e a sonegação fiscal e previdenciária praticada por organizações
criminosas, envolvidas com caça níqueis e jogo do bicho. Recentemente fizemos
uma operação “Alien”, onde conseguimos comprovar essa prática da lavagem, o que
deixou a justiça muito a vontade para decretar o seqüestro e a perda de boa
parte dos bens do líder da organização criminosa que mora aqui em Vitória da
Conquista.
A CONQUISTA – O desvio de verbas
públicas está acontecendo aqui em Conquista?
Eduardo Assis – A gente não pode
revelar detalhes de investigações em andamento. Mas o que posso dizer é que é uma
situação que preocupa sim.
A CONQUISTA – Dos crimes, quais
têm causado mais preocupações e ocorrido com freqüência?
Eduardo Assis – O tráfico de
drogas realmente tem acontecido com muita intensidade e freqüência.
Recentemente fizemos uma prisão de dois traficantes da região que estavam
trazendo pra Conquista e Jequié, aproximadamente dez quilos de pasta base pura
de cocaína, que se multiplicaria (depois de beneficiada e batizada – quando
acrescentam elementos para aumentar o volume da droga) por quatro ou cinco
vezes mais, ou seja, cinqüenta quilos de cocaína distribuídos na região. Além
disso, verificamos que tem ocorrido bastante o consumo de crack, há investigações
em andamento para reprimir isso.
Destacaria mesmo o tráfico de
drogas e a corrupção. Podemos até estabelecer um vínculo entre esses dois
crimes, pois diminuem muito a qualidade de vida das pessoas e causa um impacto
muito grande na sociedade, ao reduzir ainda mais as oportunidades dos excluídos
e das pessoas de baixa renda. Como conseqüência, há um aumento do contingente dos
que migram para o tráfico de drogas. Há uma co-relação aí.
A CONQUISTA – Ser delegado da
Polícia Federal não deve ser uma missão muito fácil. O que mais te motivou a
escolher tal ofício?
Eduardo Assis – Acho que uma
questão de vocação. Vocação que eu nem sabia que eu tinha na época. Estava
querendo fazer algo com minha formação de direito, de forma que eu pudesse ser
mais útil à sociedade, eu achava que eu não estava alcançando esse potencial
todo na minha função anterior e acabei conseguindo na carreira policial.
A CONQUISTA – Como você destaca o
trabalho feito hoje aqui na cidade? Você acha que agora está alcançando um
potencial maior?
Eduardo Assis – Sempre fui muito
aceito com minha carreira na polícia. Apesar de estarmos começando agora, a
delegacia ser bem jovem (7 meses) e com o efetivo muito reduzido, os trabalhos
feitos eu avalio de forma muito positiva. Essa equipe está muito empenhada e
entusiasmada, todos os policiais adoram o que fazem, são apaixonados pelo
trabalho, e apesar de ainda haver muitas tarefas pela frente, estamos
satisfeitos com o resultado já alcançado até aqui.
A CONQUISTA – Existe uma relação
entre a Polícia Federal e a Justiça, já que estão diretamente ligadas pelo
Direito. De que forma o delegado da Polícia Federal enxerga o trabalho feito
por vocês de um lado, e do outro, o da Justiça, que às vezes, se sobrepõe? Diz
o jargão que "a Polícia prende e a Justiça solta". O que tem a dizer
sobre isso?
Eduardo Assis - É uma noção
equivocada. Existe uma harmonia entre os órgãos de percepção criminal. A
polícia de modo algum faz críticas à justiça, ao contrário. Ao juiz, a decisão
da justiça tem que ser respeitada, não pode ser discutida, existem leis e
recursos do ordenamento jurídico para se questionar o desenvolvimento judicial.
Cabe a polícia cumprir o que a justiça determina. Então a grande maioria das
prisões que a polícia federal realiza, excetuado os flagrantes, é por ordem da
justiça também. A justiça solta, mas manda prender. Avalio uma relação
harmônica entre a justiça, a polícia e o ministério público, que é regrada
pelas leis processuais penais, que prevê o papel e a atuação de cada um dos
órgãos. Acho que a única forma de trabalhar é essa.
Parabéns Sr Eduardo Assis
ResponderExcluirMinha mãe Mary, se é que lembra dela, fica muito feliz por você.
Meus parabems dotor eduardo pelas grandes conquista lembar de mim maria Domingas
ResponderExcluirMeus parabems dotor eduardo pelas grandes conquista lembar de mim maria Domingas
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